03 maio 2009

prisioneiro de si
em uma rua qualquer

fora de si
numa prisão de dois

em busca de si

de letras e paixões e luas e

nenhum encontro.

escurecia. desceu do ônibus. prédio antigo. nenhuma lembrança. a mulher havia morrido. a mulher havia lhe deixado uma caixa - impronunciável era o nome escrito na caixa - um amor impronunciável. um amor esquecido,um amor abafado. um amor entre papéis, escadas e festas. amor imaturo. amor dividido. amor por entre tortas vigas pequenas, entre tortuosas visões verticais - qual sonho povoaria aquelas inúmeras janelinhas? vagou por entre as ruas escuras, sentia frio. sentia medo. barba por fazer, fome, sede, sentia-se verdadeiramente perdido no meio do seu caos-tão-comportadinho. em confronto com o caos externo. um morador de rua chegou perto e pediu cigarro - ele também precisava de um. ele também se sentia um morador de rua, ali não era sua casa. ali era a possibilidade do que poderia ser. chorou de medo, de tristeza e solidão. pegou a caixa, abriu e ao ler um poema, sentiu-se um pouco jovem. apenas isso já valia a pena.

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