Sampa, descendo a serra, 24 de setembro de 2008...(no bloquinho de anotações )
CARTA ABERTA À TRÓPIS
É incrível o nível de insistência de algumas pessoas . Insistir na felicidade, na troca de idéias, de ideias, de afetos, de conhecimento, de olhares.
Meu querido Ralf.
Tê-lo conhecido foi um dos presentes que ganhei.
Através do menino-bonito-Gunnar, vc veio a tiracolo.
No último dia 23 de setembro, lá no Encontro de cantores, senti uma felicidade tamanha..
Foi a voz do Gunnar ao telefone me convidandome comovendo, me convencendo a ir - subir a serra, abandonar o frio daqui de santos, a chuva, minhas dores(físicas/afetivas).
Vou pra Sampa.
Rever o Gunnar, e vc, Ralf não é apenas rever bons amigos - é dar um mergulho num imenso universo de humanidade, de convívio, de trocas, de conhecimentos.
Rever vcs, ouvir a Dessa cantando como uma sereia-afro, encantando a mim, a todos, ver parceiros amorosos em olhares e beijos, tudo isso me marcou.
Revê-los já é um show a parte - e ver o show dos artistas então... Foi realmente como se eu estivesse num grande evento - de profissionais - amadores "apenas" no sentido da palavra - amador - aquele que ama...
Revê-los e ouvir a gaita do Peu - e ver o artista-pai amarrando o tênis do filho no palco...
e ver uma moça dançando muito e depois sabê-la - Soninha, a vereadora..
Voltei com uma grande sensação de que algo não se perdeu. Nem em mim, nem em ninguém. como se eu fosse acometida do verbo esperançar de Paulo Freire...
Nutri-me de vocês ! - dos olhares, das músicas, da poesia, do aconchego, da acolhida. Nutri-me de todos - cada um do seu jeito - e eram tantos jeitos que me parti em milhares - adorei isso, esse mosaico ao qual me refiz!
Quando acabou o som na Monte Azul, com gosto de quero mais(ficaríamos ali dançando muito, né Ralf?), e vi o povo perguntando-meio-afirmando: Vamos subir?, nao entendi a princípio que subir era ir para a Trópis-casa...e fui sendo levada.
Levada para Subir mesmo, para elevar-se, literalmente, às estrelas, ao som, à música, aos músicos, aos instrumentos, ás vozes e risos de todos. Uma comunhão. Uma poesia ter estado em 'SUA" casa...
dia seguinte café da manhã com pão integral , uma criança nas pernas de um pai, conversa inteligente logo cedo, sessão de fotos com a Bel na "sacada-laje" , a Paula se agilizando pra fazer o almoço, a cozinha que ja tinha sido limpa por alguém(quem-limpou-tudo-AQUILO ????) (sim, pq essas reuniões, minha gente, deixa mesmo uma ba-gun-ça!!!)
Revê-los É ficar com vontade de comer o bobó de camarão da Paula, mas..isso é outra história, deixa pra próxima vez...
Fui embora com a explicação de como chegar ao Ponto de ônibus - segue em frente, vira a direita, segue em frente de novo, vira a direita e segue em frente...(eu , com aminha noção espacial comprometida) - e o Ralf - "Não olhe pra trás - segue em frente"... e foi oque eu fiz - e cheguei!
então , meu querido...fica aqui meu desejo que a casa seja mesmo COMPRADA ! que seja DE VOCÊS TODOS E DE MIM E DE QUANTOS MAIS CHEGAREM POR AÍ !
nao posso deixar de esnobar meu inglês: AI LÓVI IU !
BJs bjs
com carinho IMENSO BEL
03 setembro 2008
ùltimo dia de aula. 3/9/08
converso com as crianças. parece qua a ficha nao caiu. falo que virá outra professora. amores fugazes.
a pequena Vitória com um gorrinho - a vó cortou seu cabelo, todo desfiado - ela estava com piolhos. ela me abraça e eu choro -vejo nela a menina que fui um dia - então - me abraço nela.choro muito.
aliás, ultimamente, tenho chorado bastante.
descoberta tb a história do outro aluno danado: mãe, avó - prostituTas, a mãe drogava-se, o pai foi assassinado durante a gravidez, a mãe e a vó sumiram no mundo., o vô nao cuida. a bisa pegou a guarda - claro - o juiz deu pra essa senhorinha a guarda do bisneto. 70 anos. ela nao aguenta com ele. nem eu, nem o esquema, nem as futuras instiuições...
no final do dia , a tia de um aluno vem me avisar - o pai, que é PM tomou um tiro na cabeça.
quantos personagens desses, piores ainda encontraremos sem conseguir cuidar, acolher , educar??
cansada, largo um período de aula.
e fico ainda sem saber oq fazer com esse tempo livro.
então, escrevo.
converso com as crianças. parece qua a ficha nao caiu. falo que virá outra professora. amores fugazes.
a pequena Vitória com um gorrinho - a vó cortou seu cabelo, todo desfiado - ela estava com piolhos. ela me abraça e eu choro -vejo nela a menina que fui um dia - então - me abraço nela.choro muito.
aliás, ultimamente, tenho chorado bastante.
descoberta tb a história do outro aluno danado: mãe, avó - prostituTas, a mãe drogava-se, o pai foi assassinado durante a gravidez, a mãe e a vó sumiram no mundo., o vô nao cuida. a bisa pegou a guarda - claro - o juiz deu pra essa senhorinha a guarda do bisneto. 70 anos. ela nao aguenta com ele. nem eu, nem o esquema, nem as futuras instiuições...
no final do dia , a tia de um aluno vem me avisar - o pai, que é PM tomou um tiro na cabeça.
quantos personagens desses, piores ainda encontraremos sem conseguir cuidar, acolher , educar??
cansada, largo um período de aula.
e fico ainda sem saber oq fazer com esse tempo livro.
então, escrevo.
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