10 junho 2007

Melancolia de desaparecer

Agustin Foxá (Tradução Livre - Bruno Villela -poeta-filósofo-amigo)

E pensar que depois que eu morrer
Ainda surgirão manhãs luminosas,
Que sob um céu azul, a primavera,
Indiferente a minha mansão derradeira
encarnará na seda das rosas.

E pensar que, nua, azul, lasciva,
Sobre meus ossos dançará a vida,
E que haverá novos céus de escarlate,
banhados pela luz do sol poente
e noites cheias dessa luz de prata,
que inundaram minha velha serenata,
quando ainda cantava Deus, na minha frente

E pensar que não posso em meu egoísmo
levar-me ao sol nem ao céu em minha mortalha;
que hei de marchar sozinho até o abismo,
e que a lua brilhará igual
e já não verá daqui meu caixão de palha

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