17 outubro 2012

meio da semana

Tentaram se preservar
adiando a felicidade.

quando não aguentaram mais
conversaram e terminaram tudo
(tudo o que não tinha começado)

então,  na despedida
deram-se as mãos, um abraço 
e os beijos guardados
e viram  o quanto isso era bom.

19 setembro 2012

rotina em pé.

ônibus cheio. na praia, ainda. canal 3 .
 Dois  adolescentes, com uniforme de escola entram.
- que horas tu chega em casa?
- 14:45...



"detalhes" da resistência  da  garota(uma adolescente dos seus 14 anos :
- ônibus cheio/ em pé/ calor INSUPORTÁVEL de 39º na cidade/ vento noroeste(só quem mora em Santos conhece) e pra melhorar - eu olho pro meu relógio - 13:11 h!!! 




16 setembro 2012

descoberta do artista/homenagem à terra

a gente vai se descobrindo artista quando, além de apreciar, percebe que produz alguns "artefatos" .
 a mim , o  processo tanto me basta . nem sempre quero ou preciso de  um produto final...

Me deixar pela metade
entre  dois azuis
(e um fundo de terra e água que me havia abastecido há pouco)
causou-me espanto - pela lonjura
causou-me tristeza - pela despedida
causou-me esse vácuo -  ao qual não retorno em meu estado normal , 
nunca mais
depois de ter pisado em terras tão férteis
e em um céu tão próximo ao meu medo e aos  meus dedos.


03 setembro 2012

Para passar setembro, só um CAIO F. nas mãos

 Para quem teve contato com as crônicas do Caio Fernando Abreu na década de 90 através do Caderno 2 do Estadão , e  por aí apaixonou-se avassaladoramente por tudo - eu disse  T U D O  que ele escrevia ,  já não era sem tempo que chegasse uma coletânea desse tempo vivido na redação e na Pauliceia desvairada.
Esperei sempre por esse livro. Eu , com essa mania de hemeroteca caseira super desorganizada, arquivei vários textos daquela época, que de vez em quando eu ousava abrir e reler... E muitas vezes eu mentalizava que eu mesma adentraria os arquivos empoeirados do grande jornal e iria em busca de TODAS as crônicas e faria um livro.EUZINHA. SOZINHA.

Claro, eu nao fiz isso. Mas alguém fêz!
É claro também  que se fosse eu, selecionava TODAS, eu disse T O D A S  as crônicas dele, nada de coletânea...

Mas o livro chegou.
e hoje, 1º de setembro de 2012, faltando 11 dias pro aniversário do Caio, entro na Livraria   e passeio  os olhos sobre os títulos...até parar num livro amarelo(eram apenas 3) , "gritando" num canto. 3 livros!!Então eu pego, e não acredito: chegaram as crônicas que o Caio escreveu no jornal!!!!
Apesar do preço , resolvo me dar de presente adiantado(sou uma libriana).
Converso então com o vendedor, meu amigo, que diz:
- Chegou ontem , às 10 da noite! Só vieram esses três!
(tive a impressão de estar com um bebê recém nascido, com toda aquela energia que é típico desse pequeno ser).

Como uma adolescente apaixonada, segurando seu diário secreto    no peito, pago e vou pra casa, ávida!
Ao chegar, abro ao acaso e , como um oráculo, a crônica é "Adeus, agosto. Alô setembro"...
Nostalgia à parte "A vida gritando nos cantos" traz um Caio F. que tinha um ritmo urbanóide total,sem perder a ternura, era um metrô transpassando as ideias e sem parada.

Setembro chegou, com ele Caio F. numa primavera disfarçada de verão na minha cidade.
eu também disfarço. E choro.




P.S. O título do livro está na página 91,  tirada de um finalzinho de frase...(crônica - QUEREM ACABAR COMIGO)






20 agosto 2012

fuxicos

são redondos
coloridos
exigem paciência, cuidados, capricho

ficam mais bonitos alinhavados
o que dá mais trabalho
e mais boniteza
(e mais prazer ao ver  o resultado)

Checando  os fuxicos da minha tia :
todos são alinhavados,
todos ficam abertinhos no meio
todos são costurinhas naifs
todos costuram as histórias dessa mulher.

Minha tia ficaria o resto da vida fuxicando...
ai, quem me dera uma tarde inteira com ela,
assim... pertinho de mim...

Bruna  me despacha com uma sacola de tecidos
e o pedido de uma cortina.
Não sei
o que sei :  reaprendo que
fuxico e a terra são redondos,
fuxico e flores, coloridos
fuxico e a vida : necessário alinhavar...

e tudo com capricho
paciência
e amor.

25 julho 2012

nao consigo passar a limpo tantos rascunhos.

passeava na década de 70

em 1976 meus ouvidos escutaram  repetidamente Paulo Diniz em "Vou me embora pra Pásargada"...
 e eu achava  aquela música um grande poema -
 descobri por acaso Manuel Bandeira.

em maio de 1997, seu Julio, pai do Julinho Bittencourt, me faz chorar ao declamar o tal poema.
Maurice Legeard  partiu pra uma Pásargada de roteiros desconhecidos, mas nem por isso não imaginados.

Minha mãe ouvia Paulo Diniz. Hoje eu leio Manuel Bandeira. 

No meio disso tudo, eu  passeava pelos anos de chumbo de 76, 77, achando que  o grande movimento que acontecia era  apenas o movimento hippie.


27 maio 2012

escaneando a saudade

a filmagem parecia escanear a casa dele, os livros, os filmes, os quadros, os potes , parecia atás de um tesouro, nas entrelinhas da casa, da janela, das frestas, dos buracos nas paredes, da escada, de tudo. parecia  que, fazendo assim, buscava por ele. 

eu filmava  com uma certa pressa, sem me deter nos detalhes..seria falta de tempo, seria uma tristeza louca, seria...?
não sei.    falta de demora no olhar, pois é necessário uma certa morosidade pra se guardar tudo aquilo. é que eu não tive tempo. ele chegou na minha vida pedindo uma foto. e vieram tantas pra posteridade, tantas fotos doloridas ele pediu que eu tirasse. e...quando ele se foi, prometi não tirar mais fotos tristes. 
mas ao ir em sua casa, tal qual escritório de Barthes - livros,filmes, quadros..buscava  o tempo que não me pertenceu. desculpas por uma filmagem triste. 

17 abril 2012

A música cabe na história

Ouviu a música , que lhe cabia tão bem na pequena história de amor inexistente. Chorou ausências e carências. Feito cena de filme - num canto escuro da casa, ouvia - repetidas vezes a mesma música. Chorou - até secar as lágrimas. Ao retornar, dias depois, percebeu uma flor em sua mesa e um violão ao canto. A música já fazia efeito contrário e então percebeu que 360 dias depois era quase a mesma mulher, com menos medo e mais poesia.

14 abril 2012

a foto do poeta

o primeiro poeta que me veio:  Carlos.
nessa foto, que eu gosto tanto
e que imagino
uma criança tirou!

(ou alguém com uma alma de criança)

p.s.
foto tirada em 1972 -@ ROGÉRIO REIS 

TAÍ :
http://www.univercidade.br/webtv/utv/vidavivida/rogerioreis/rogerioreis.asp


12 fevereiro 2012

Posse

Meu filho vai  se chegando
na  MINHA  BIBLIOTECA 
:
- Paulo Freire, Toscani, Steinbeck,
Passa os olhos por ela e escolhe alguns.
Passa os olhos por ela e diz:
- Essa biblioteca será minha !

sopro

Estou onde
minhalma alcança

08 fevereiro 2012

amassadinho

eu tinha um poema
pra te enviar pelo correio
num papel de seda - amassado
assim como meu coração  .
ainda bem que nao tenho teu endereço.

07 fevereiro 2012

hilda por bruno villela

"Pocilgas de Hildas Hilst colorindo sítios bucólicos de torpes maledicências! " BRUNO VILLELA... 
 
hilda abriu os olhos e tomou uma taça!

até te cortando, recortando, fora doc ontexto, é poesia..e das boas, e nao tem nada de mais amor, vejo muita fúria, ufa!!!! o amor passa raspando! ok!
 07022012

02 fevereiro 2012

pi-a-no

tava mais que na hora de largar tudo e se dedicar ao piano
per-sis-ten-te-men-te

di

a

ri

a

men

te

14 novembro 2011

palavras?

as palavras
como bichos selvagens
muitas vezes 

es-ca-pam.
há que toreá-las

as palavras
como           b      o       r         b      o      le       t     a       s

suaves pousam

e de repente

v o a m
pousarão em mãos
de caneta em  punho
ou

como fazer poesia

poesia pode

até

ser feita na dor

mas não rima!

viés

maria josé morreu de parto
eu, adolescente, herdei as saias evases de maria josé
eu rodava meus sonhos com as saias de outra mulher
também me deram um anel de ouro com uma pedrinha de rubi - da maria josé
anel que precisei um dia vender.

ao som de gal costa - "esqueça os mortos/ eles não te amam mais"
endureci
e vendi o anel.

27 outubro 2011

1º aniversário

antes dos 6 anos - isso eu tenho certeza por que vim pra essa cidade aos 6. 
Então,  volta o texto:
      antes dos 6 anos     morava em um lugar tranquilo, casa, quintal e pomar(sim - POMAR!) (ou seja lá o que a minha imaginaçao hoje  sustente que era) . Verdade! era um pomar ! Acredite.
Mas não quero falar desse ontem- passado. Quero contar de ontem à noite (que já é passado - mas passado-remoto - que é bem mais poético dizer assim) Ontem à noite estava no supermercado - "seção Pomar" (onde se vendem frutas) e na fila  para pesar umas frutas, a mulher que estava atrás de mim invade minha vista com seu braço branco e cheio de sardas e retira da prateleira uma caixinha transparente - olha e devolve. Eu olho,leio e pego a caixinha - Amora -$ 2, 49 - olho através de uns buraquinhos(a fruta precisa respirar também) cheiro e volto no tempo - eu era uma menininha magrinha e triste, quietinha de dar dó. Mas tinha  um quintal, árvores onde eu me escondia e brincava.. E nesse dia a família que cuidava de mim e essa menininha magrinha e minúscula fomos catar amora - um monte. E aquela mulher, jovem, bonita -(parecia um anjo) cabelos loiros, lisos, etérea(na época eu não saberia mesmo dizer que ela era isso, que ela era assim), pis bem - catamos amoras...Muitas amoras. E essa mulher fez um bolo de amoras, não era um bolo qualquer, era um bolo de aniversário - do meu aniversário.
E ontem à noite, aquela mulher de braço branco echeio de sardas me empurrou pro fundo de uma prateleira de supermercado , mejogando   num pomar antigo e me colocando de pé numa cadeirinha com algumas pessoas cantando  parabéns praquela meninha. O cheiro da amora ficou nas minhas mãos e a minha cena , a minha carinha de felicidade contida - pra sempre!

19 outubro 2011

Violet-Biga

e agora - florzinhas...

Uma grande amiga me ensinou - Insista nas violetas... 
exercício de paciência esperar que algumas coisas floresçam.