21 dezembro 2014

SALA É CELA.
LICENÇA MÉDICA NÃO É 
LICENÇA POÉTICA.
Essa escola acima é de que século?                     



15 novembro 2014

03 outubro 2014

Casa das Estrelas - um livro sim senhor!



A ideia é antiga - fazer perguntas às crianças, anotar, registrar, fazer um livro (sim, no Brasil  Pedro Bloch, médico que anotou incansavelmente frases das crianças ,   já escreveu  um  livro com essa temática.)
Temos também, Adriana Falcão, roteirista em seu Pequeno dicionário de palavras ao vento” , Arnaldo Antunes com “ As coisas” e, claro, Manoel de Barros em toda sua excelência, exalando  criancice e simplicidade(nem tão simples assim).
Mas quero falar do livro do   professor colombiano Javier Naranjou, que   colecionou de seus alunos , crianças de 8 a 10 anos essas definições, altamente filosóficas e deu no livro Casa das Estrelas, editado aqui no Brasil  ano passado, ganhou prêmio e tudo. Ele fez em forma de dicionário,  com a 1ª edição colombiana em 1999.
O livro tem uma ilustração belíssima de Lara Sabatier – quando eu comprei o livro mês passado fiquei olhando,olhando ,olhando as imagens sem parar..Poesia também para os olhos.
Em algumas definições você para e pensa- Meu Deus – como essa criança-filósofa pensou isso??!!!! E o livro então,cumpre seu principal papel- fazer você parar e refletir muuuuito sobre o assunto! Ou     você é convidado  “apenas”  ao espanto....
Mesmo sabendo das ideias parecidas, são outras idéias,  outras crianças,outras reflexões.
Um livro que eu digo  – compre, você não vai se arrepender..Funciona como um livro de meditação – seja pelas frases, seja pelas belíssimas ilustrações... O Tao Te Ching das crianças !
(Isabel  Helena Nascimento)

16 abril 2014

antes da música

Caixinha dos 70 anos de Hernínio Bello, em Timoneiro 1. 
5 cds, encartes  e músicas, muitas músicas.. Vou aos poucos.
cada encarte é um livro de prosa e poesia
objeto de meu desejo auditivo, queria esse cancioneiro em minha casa,
( uma amiga emprestou de tanto que eu pedi...)
Olho devagar a caixinha, retiro-me em silêncio.
Em Timoneiro 1, música 2 - "Amigo é de casa - Cem anos de choro( Capiba e Hermínio).
Leio em voz alta, antes de escutar qualquer som produzido ali. Quero essa poesia do "Amigo é casa", falando dos amigos , rendendo uma grande homenagem a esses que nos rodeiam sem fins lucrativos!!!
Quero o poema sem som. quero a palavra sem ritmo dos instrumentos.
quero a PALAVRA AMIGO. e toda definição que só Hermínio poderia oferecer - atenção - O-FE-RE-CER...



08 abril 2014

Telhados se vão

Menos 3 casas. Rua Newton Prado.
Ontem elas amanheceram com um buraco ao fundo dos seus estômagos.
Recentemente pessoas dormiam, viam televisão, contavam seus dramas,ouviam músicas,  conviviam...
Hoje, destelhadas. Em breve, estarão no chão..  mais um prédio a subir em direção ao céu, sem direito à defesa, fundamentos, estudos de impacto ambiental.
Vamos "cantá pra subi " !

11 janeiro 2014

Direito ao Céu ou Como transgredir para brincar...

PIPA: um brinquedo que voa baseado na oposição entre a força do vento e a do  fio segurado por uma criança(ou adulto). É feita de papel que tem a função de asa, sustentando o brinquedo ao ar livre, de preferência  UM CÉU  .




CRIANÇA :  Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é  um ser humano em  "peculiares condições de desenvolvimento, devendo ser, em todas as hipóteses, respeitados." e no artigo 16, parágrafo IV: “O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se.”


PRÉDIO :  Construção que possui vários andares, onde as pessoas moram - pode ser grande ou pequeno, ter vários cômodos ou ter apenas  3 espaços como o prédio acima - chamado  kitnete - corredorzinho mínimo, banheiro minúsculo e um quadrado de mais ou menos 3 x 3m , onde podem morar de 1 a várias pessoas - no caso acima, moram 3 crianças e 1 adulto. Geralmente tem um síndico para por "ordem"  e um zelador "pelego". E pessoas adultas que esqueceram que um dia foram crianças. Um prédio, raramente tem um espaço para as crianças brincarem, espaço pra empinar pipa, nem pensar !!!!

BRINCAR:   “[...] as crianças e os animais brincam porque gostam de brincar, e é precisamente em tal fato que reside a sua liberdade”.Huizinga (1980, p. 320)  

Eu poderia falar de outras definições do brincar , tema tão estudado e  abordado, nas últimas décadas, mas nem sempre respeitado pela Sociedade em geral, principalmente em instituições escolares.
Mas, olhando essa foto que fiz hoje, da janela do meu 6º andar, quero apenas relembrar da importância que o brincar possui, da sua força e da sua poesia.  Onde já se viu , empinar pipa do corredor de um prédio, num 3º andar? (adorei a transgressão, apesar de me preocupar também) .Era o espaço possível. Duas crianças, 2 meninos, entre 8 e 10 anos brincavam de pipa, e dividiam entre si , pois a brincadeira era manter a pipa voando....e o desafio : não muito longe . Crianças e pipas presas na possibilidade do concreto. Nada de grandes voos, nada de correr pelas ruas. Ainda tinha mais uma criança, de uns 3 anos, que eles também se revezavam - entre cuidar e brincar. 

Numa cidade onde  a verticalização toma conta,  me pergunto que espaços sobrarão para as crianças brincarem, de fato? Onde estão os quintais? Onde estão as praças e seus domínios a serem explorados? Se  brincar deriva do latim vinculum, que significa laço, união e criação de vínculos, como criar e perpetuar esses vínculos para a criança exercitar sua criatividade, sua  compreensão de mundo ? 
Falo da minha realidade, questiono as possibilidades do meu entorno, sabedora que sei de que ainda em muitas periferias, apesar de tudo, crianças brincam pelas ruas, de pipas, que voam,  voam ao sabor do vento, das nuvens, voam pra longe -  pro céu. Na nossa cidade caiçara,   não existem pipas - existe ganância de quem pensa arranhar o céu !



fotos: Isabel Nascimento 



04 janeiro 2014

parindo palavras



as palavras tiram o sono
brigam entre si
às 4 da manhã.
Entram no peito
te fazem levantar
te fazem caminhar pela escuridão da casa buscando um canto onde possa parí-las.
E num cantinho azedo da cozinha, entre louças e panelas de molho
e plantinhas recém-cuidadas
(e um certo clima de solidão e frescor)..
Então as palavras,  com medo
embotam-se e parecem - ao invés de nascer , morrer..
(num aborto espontâneo)

02.1.2014